CHEGOU!!! CRÔNICAS & RABISCOS, em março, grande lançamento! Crônicas de humor, edição ilustrada

sábado, 26 de junho de 2010

ONOFRE, o novato no campo

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Inoculados

(Óscar Fuchs)
Meu antivírus deu o alerta: mais um inimigo tentando infectar meu computador. Li em algum lugar que há 700 mil vírus espalhados pelo planeta. Quase impossível alguém não receber pelo menos um por mês.

Guardo todos. Criei uma pasta no meu HD que está abarrotada de Brancas de Neve, SirCams, Nimdas e outros. Todos inativos, claro. Estão quietinhos lá, só esperando. Aos amigos que recebem meus e-mails, não se preocupem. Apenas me tratem bem. Aliás, o churrasquinho do próximo domingo, quem é que vai pagar?

Estou precisando de um carro novo. Gostei desse lançamento com quatro air bags, direção hidráulica, ar condicionado... me serve. Ei, psiu! To falando com você aí, da montadora de automóveis. Ta duvidando!? Ta duvidando!? Olha que eu mando um bichinho, hein!?

Oi, chefe! Sobre aquele aumento de salário, vá à minha sala que conversaremos, ta bem? Caramba! Já viu o lucro dos bancos? Deixa ver, um sircam? Um nimda? Basta meu gerente me ligar, dou o número da minha conta e pronto, seus dados estarão salvos. Ah! E no mínimo três dígitos!

Um descontinho personalizado no supermercado também iria bem. Quanto? Podemos discutir, mas que seja razoável, senão meto um vírus que todos os clientes vão ter um desconto personalizado. E posso bagunçar ainda mais: o freguês vai encontrar o absorvente lá no balcão frigorífico.

Enfim, meu computador é uma reserva de pestes do Egito. Quando eu libertar meus bichinhos, nem o Super Homem vai dar conta. Tentem adivinhar por que os Americanos resolveram, de uma hora para outra, aderir ao tratado de Kioto. O que foi que os convenceu, hein? Hein? Hein?

Preparem-se. Aos inimigos, a formatação de seus discos, nada menos! Ãhã, quando abrir minha caixa de Pandora...!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

ONOFRE, o novato no campo

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Centrado

(Óscar Fuchs)

A esposa chega em casa aflita:
— Nem sabe. Conheci o Gaspar.
— Gaspar? — Pergunta o marido tirando os olhos do jornal.
— O namorado da nossa filha.
— Ah! Aquele do beisebol.
— Aquele era o Lorca. Esse é o Gaspar.
— Trocou de novo? Só espero que o Gaspar goste de futebol. Com o Lorca nem se podia falar de esportes!
— Perto desse, o Lorca era uma benção.
— O quê, vai dizer que esse aí gosta de hóquei!?
— Não, não...
— Pólo aquático? Pior: pólo a cavalo! Ele só gosta de pólo a cavalo!?
— Não, é que...
— Já estou com saudade da época dos surfistas...
— É verdade.
— Basquete! Lembra daquele do basquete? Dava até pra bater um papo enquanto ele trocava lâmpadas.
— Esse parece ter quarenta anos.
— É mesmo?
— É. Terno e gravata, me cumprimentou educadamente, cordial...
— O que? Não disse “Eaê, sogrona”, nem “Cumé quié, coroa?”, nada disso?
— Não. Deu-me boa-tarde, apertou minha mão...
— Ah, enfim um rapaz centrado!
— Centrado nos quarenta. Ele tem quarenta anos, Hipólito!
— Não exagera, Eugênia. Só porque o rapaz é mais... digamos... sociável.
— Ele não é apenas sociável, Hipólito. Ele tem quarenta anos!
— Força de expressão, Eugênia. Vai ver ele está estudando Direito, trabalha com algum advogado da família, usa terno e gravata, essas coisas...
— Não, Hipólito. Ele tem quarenta anos mesmo!
— O que você quer dizer com... “mesmo”?
— Quero dizer que ele nasceu em 1970.
— 1970? Eu nasci em 70! Aliás, o ano que o Brasil foi tri da copa. Felix, Everaldo, grande Everaldo...
— Presta atenção, Hipólito!
— Só estava recordando. Então ele nasceu em 70?
— Isso mesmo.
— Então ele tem... peraí, deixa eu fazer as contas... quarenta anos!!!
— Exato, gênio.
— Ele tem a minha idade, Eugênia!!!
— Você é um Einstein.
— Mas, a Cristiane só tem dezessete!!!
— Dezesseis e meio.
— O que esse cara quer com a minha filha?
— E divorciado.
— Céus!
— Pois é. O que você me diz agora?
— O que eu digo? O que eu digo? O que eu posso dizer? Só falta ele ser torcedor do Botafogo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

ONOFRE, o novato no campo

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Namorados

(Óscar Fuchs)

Imperatore, restaurante, luz de velas, casais jantando.... dia dos namorados. Deixo de lado o Buffet, até por que não sou nenhum gourmet. Analiso as pessoas.

Na mesa ao lado um casal de adolescentes bebendo refrigerante e, apesar da variedade de pratos, o indefectível bife com fritas. A adorada esposa e eu imaginamos aqueles namoradinhos recebendo uma mesada extra para um jantar romântico num restaurante de verdade e, por fim, comerem o mesmo que comem em qualquer fast food todos os dias. Trocaram presentes: um MP4 e um DVD, até onde pude perceber.

Noutra mesa um rapaz bastante glutão, despreocupado, vestindo um casaco daqueles que se usa em futebol e uma touca do Boca Juniors enfiada na cabeça, totalmente desleixado. A moça a seu lado, maquiada, vestida para uma ocasião especial, com luxo impecável, visivelmente irritada e de mau humor. Por quê seria?

A filha de um jovem casal, uma graciosa menininha, corre entre as mesas apontando os outros casais:

— Olha os namolados... quantos namolados! — E coloca as mãozinhas no rosto, fazendo carinha romântica.

Um senhor de idade avançada sorri sem graça quando ela aponta sua mesa. Já a moça a seu lado, exageradamente maquiada, continua séria e profissional.

A menininha chega à mesa onde dois senhores engravatados conversam. Ela aponta para eles e em seguida coloca o dedinho no canto da boca, murmurando:

— ...namolados...namolados... — Intrigada, permanece ao lado da mesa, olhando-os pensativa.

Cara de raivoso, um dos senhores diz entredentes ao outro:

— Putz! Logo hoje você tinha que marcar esse jantar de negócios?