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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

DIMENOR - menino de rua


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Trânsito

(Óscar Fuchs)

Depois da colisão, começa a discussão:
— Não vê por onde anda?
— Vejo por onde eu ando, não posso adivinhar por onde você vai andar.
— E o que posso fazer? Colocar um mapa aí atrás com meu itinerário?
— Não, bastaria fazer sinal.
— Como? Sem pisca-pisca!
— Poderia fazer com a mão: vou entrar à esquerda, vou entrar à direita.
— Não sou você pra ficar quebrando mão por aí.
— Já se requebra todo mesmo.
— Você está me ofendendo.
— Baixe o braço. Você está me ofendendo com esse cheiro.
— Olha aqui, baixinho, estou com duas dúzias de ovos aí dentro, se quebrou algum...
— E eu estou com uma torta de chocolate. Se estragou, vou...
— Vai fazer o quê? Vai obrigar alguém engolir sua torta?
— Vou.
— Então deixa eu chamar meu filho, ele adora torta de... ué, cadê meu filho?
— Deve estar provocando algum acidente por aí.
— Cale a boca. Vitinho, cadê você meu filho? Vitinho!
— Se saiu ao pai...
— Escuta aqui, seu irresponsável...
— Você perde o filho e eu sou o irresponsável?
— Tire o óculos, ceguinho.
— Para quê?
— Porque se não tirar vou quebrá-lo na sua cara.
— Pois tente!
— Ah, é? Então toma!
— He! He! Tirei o óculos.
— É mesmo? E esse olho roxo?
— Olho roxo por olho roxo. Toma!
— Ui! Segura esse.
— Ai! Agüenta esse.
— Auh! Então, pega esse.
— Argh! Golpe baixo, hein? Leva!
— Uf! Outro olho.
— Espere!
— Sem acordo, sem trato, ninguém me segura!
— Uma trégua!
— Por quanto tempo?
— Até passarmos pelo caixa.
— Combinado. Te espero lá fora do supermercado.
— Eu vou passar no caixa primeiro.
— Vai passar cheque frio, isso sim.
— Ah, é? Se prepare, a seção de curativos é ali.
— Vá trocar esse uísque vagabundo aí.
— To na frente, to na frente!