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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Que terror



Telefonema interceptado entre dois dos temidos terroristas brasileiros:
— Alô?
— Oi, sou eu. Alguma novidade do atentado?
— Vem me visitar amanhã, o garoto é uma peste.
— Que garoto?
— Meu sobrinho, o atentado.
— To falando da explosão!
— Ah, é mesmo. Alguma novidade?
— Foi o que eu perguntei.
— Ah, tá... quando vai ser?
— A gente tá pensando no domingo, mas meu time tem jogo do brasileirão. Só se for depois das seis.
— Ih, o jogo de domingo é às seis e meia, cara. Se explodir vai ter que ser depois de nove da noite.
— Tá, então fica pra segunda-feira.
— E quem vai ser?
— O homem-bomba? Eu não posso porque na segunda-feira trabalho.
— Pois é, cara, eu também queria pedir pra me deixar fora dessa que eu vou ter um compromisso logo depois da explosão, sabe...
— Ninguém tá fora, ninguém tá fora...
— Ué, e você?
— É que eu to coordenando tudo, entende?
— E como vão escolher a vítima... digo... o felizardo?
— Acho que vai ser o mesmo método dos caras lá do Oriente.
— Mérito e fidelidade?
— Não, no palitinho. Mas, e o material, tá pronto?
— Quase. O Marcelo... ups, desculpe... Qual é o codinome secreto do Marcelo mesmo?
— Deixa eu ver aqui... putz, caiu minha internet... mas eu tenho anotado... peraí. É o Marcelo Frei ou o Marcelo Caju?
— Ih, sei não. Aquele moreninho, cabelo crespo, de óculos... Acho que é o Caju.
— Tá, se for o Caju, o codinome secreto dele é Bilu-Bilu.
Bilu-Bilu!?
— E o irmão dele é o Tetéia.
— Tá. É aquele de João Pessoa, né?
— Não sei, já te digo. Ô mãe, o Bilu-Bilu é de onde? Olha, minha mãe disse que é de Salvador.
— Tá, pois é, ele ficou de conseguir um material aí.
— O que tá faltando?
— Cinto.
— Sente o quê?
— Cinto... tá faltando o cinto.
— Pra que cinto?
— Um cinto de explosivos, pô! Um homem-bomba que se preza sempre tem um cinto de explosivos.
— Precisa, não! Bota numa pochete!
— Ixe! Coisa cafona!
— Compra uma de marca, Pierre Cardin, Calvin Klein... qualquer camelô vende, aí fica fashion.
— Por falar em comprar, onde é que eu posso comprar uma barba falsa?
— É só deixar a barba crescer.
— Não é pra mim, é pra Ludmila... digo... pra Catófla. Sabe como é, terrorista tem que ter barba.
— Loja de fantasia deve ter, várias... ih, peraí que tão batendo na porta. Cara, você não vai acreditar: a polícia federal tá aqui!
— Cara, que tudo! Tão caçando terrorista!
— Sou eu! Sou eu, policial! Podem me prender! Cara, to indo pra outro patamar! Terrorista perseguido, já pensou que status?
— Faz exigência, faz exigência!
— Bem lembrado. Aí, polícia, quero bala-de-goma!
— É isso aí, não dá mole!
— Eles tão tirando meu telefone... liga pros irmãos do Oriente, vai me dar moral... chama a imprensa... ô,mãe, fala que eu era um cara calado e misterioso...eu quero fazer um comunicado... não desliga, não desliga, seu guarda...
Tu-tu-tu-tu-tu-tu.