(Óscar Fuchs)
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de Janeiro. Nesse mundo vertiginoso, pra que lembrar disso, né? Mas é
aniversário de um dos maiores gênios da humanidade. Ele tinha entre 6 e 8 anos
quando fez uma opereta, a primeira de
suas obras magníficas. Daí para diante, revolucionou e criou maravilhas. Estou
falando de Joannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart. Na verdade,
afora algumas cartas que escreveu (sobretudo para quem ele fez A RAINHA DA
NOITE, sua irmã, porque – segundo ele - só ela poderia alcançar aquelas notas agudas à
época. Veja, ouça e delicie-se com https://www.youtube.com/watch?v=r37l5eNJOR0&list=RDr37l5eNJOR0#t=16https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl)
Enfim... na verdade, o Amadeus não
passa de uma lenda.. Aliás, ele só usou o nome Amadeus por sugestão de um amigo, em duas ou três cartas. Curioso é
que, em latim “Chrysostomus” significaria “devoto de Cristo”, pois ele
nasceu no dia de São Crisóstemo, e “Theophilus” significaria “amado por Deus”.
Daí o pseudônimo Amadeus... que ele
usou muito pouco.
Esse
gênio da música, o maior compositor de todos os tempos, foi admirado e tentaram
imitá-lo sempre. Um desses exemplos foi Beethoven, que declarou que o admirava e que queria fazer algo parecido. Quando Mozart “tentava” ser
Kepellmeister (mestre de
capela) em Viena, não conseguiu, porque
segundo o regente, Mozart não tinha capacidade. Quão sábio pode ser um regente!
Pois bem, no “estágio” para ser Kepellmeister,
Mozart teve que se submeter a cargos
mais baixos e, dentre as obrigações desses “cargos-mais-baixos”, cabia ao candidato a Kepellmeister dar aulas de música. Um dos alunos de Mozart era o
príncipe de Viena. Quanta responsabilidade! Se o príncipe não aprendesse nada,
a culpa era de seu professor, afinal o príncipe era um “designado por Deus”...
e não se podia cogitar a ignorância de um príncipe!
Num daqueles dias, o príncipe inquiriu seu mestre:
-
Her Mozart, quando poderei compor uma
obra?
Ao
que Mozart respondeu:
-
Ainda é cedo.
O
príncipe, então, retrucou:
-
Mas, Mestre, quando tinhas apenas oito anos já tinhas composto uma opereta.
Ao
que Mozart explicou:
-
É... mas nunca precisei perguntar a ninguém “como se faz”.
Gostam
de uma boa história? Tenho uma ótima para lhes contar:
Se
você estiver em Roma, em Istambul, em Nova York, em Madri, em Toronto, em
Buenos Aires, em Hong Kong... Como você chamaria um taxi? Qual palavra você
usaria? Levantaria a mão e gritaria:
-
Taxi!!!
Lá
em Montevidéu passei por isso. Foi naquele domingo da eleição: Tabaré versus
Pou, esquerda contra direita. Chovia ... chovia.... cristo, quanto chovia! Minha mulher e eu fomos a um restaurante próximo
a um shopping e, sem querer, achamos aquele restaurante que a gente não encontrava
e que estava recomendado no guia. Achamos!
Taxi
em Montevidéu é difícil... imagina com chuva! Taxi em Montevidéu tem um vidro
que separa passageiros do motorista... e tem uma “gaveta” na qual você “enfia”
o dinheiro ao pagar a corrida. Só em “pesos” uruguaios.
Muita
chuva, poucos taxis. Combinei com minha mulher: quando o taxi chegar, entre no
banco de trás que eu entrarei no banco da frente, assim a gente se molha menos.
E
assim, foi: sentei no banco da frente. A chuva batendo.. e minha mulher lá, no
banco de trás, atrás do vidro, isolada. No banco da frente, ouvi uma música,
volume muito baixinho... então perguntei ao chofeur, em portunhol:
-
Que estás ouvindo?
-
Schubert. – Respondeu ele, e completou -
Prefiro Mozart, pero...
Não
sou muito fã de Schubert, disse ele. Nem eu, disse eu. Como aquele colega
trabalhador motorista de taxi, eu também prefiro Mozart. A partir daí, a chuva
forte, o chofeur e eu falando sobre
música. Pouco se enxergava, mas continuávamos rumo a nosso destino. Ele
entendia tudo de música clássica. Seu pai fora músico e ensinou-lhe como
apreciar. Nos deleitamos falando de Mozart, nosso ídolo. Ele fazendo o percurso,
feliz da vida por poder conversar com alguém que compartilha sua paixão, Mozart,
e eu também... mais feliz ainda!
Perguntei
se ele sabia de onde vinha a palavra “taxi”, já que trabalhava nisso e era seu
“meio-de-vida”. Imediato e enfático, respondeu: “SIM!”
E
contou-me toda a história que eu já sabia, mas que ouvi com extrema atenção e
respeito porque, sem dúvida, ele é muito mais digno de contá-la do que eu.
Segue a história:
“Naquela
época, à época de Mozart, músicos e compositores eram considerados meros instrumentos do Estado, serviam
apenas para deleitar o rei e distrair o povo.
Para
sobreviver, compositores tinham que se submeter e vender seus trabalhos, daí a importância de ser Kepellmeister, pois sendo o mestre do rei, mais prestígio se teria
e, portanto, mais se poderia cobrar.
Em
Viena havia um barão muito rico. Ele alugava coches ou charretes. As pessoas que queriam ir a uma ópera ou a um
concerto da corte, tinham que fazer isso em grande estilo. Porém, muitas
famílias não tinham condições financeiras ou de espaço para manter uma charrete,
uma carruagem ou um coche. Percebendo
isso, esse barão passou a alugar
coches para aquelas pessoas que queriam ir ao concerto do rei e que não podiam chegar lá a pé. Questão de imagem!
Esse
barão tinha uma filha e ela completaria quinze anos em breve (lembram da
tradição das debutantes?). Ora, para
todas as ocasiões especiais, mandava a tradição e o ritual da corte que se fizesse
“algo especial”, enfim, que o pai encomendasse
uma peça, uma música, que seria a
marca daquela cerimônia. No caso, uma adolescente que está se tornando mulher.
Mozart
fez muito isso, para sobreviver. Até música para circenses ele fez! Bem, Mozart conseguiu ser contratado para fazer
a peça de debutante da filha daquele
barão riquíssimo e nobre! E não fez por menos.
Mozart
criou uma música que, até hoje, é citada como uma das maiores maravilhas do
mundo: Eine Kleine Nachtmusik. Isso
significa, numa tradução literal, “um tipo de música noturna”. Já, numa tradução
livre, seria: “uma musiquinha na noite”. Que “musiquinha”, hein?”
Tenho
certeza que qualquer pessoa que ouvir apenas a introdução, vai identificar: https://www.youtube.com/watch?v=Ytpj0lg5Cmk&list=RDYtpj0lg5Cmk#t=0
Não
terminou ainda! Imagine que você esteja saindo de casa para assistir a um
concerto de Mozart. Imagine que você vai pegar um taxi... você tem que pegar um
taxi para ir a um concerto no centro da cidade! Imagine que esse concerto seja
a obra Eine Kleine Nachtmusik e você
reclama porque não consegue achar um taxi. Pergunto: sabe por que esse veículo
que você está esperando ansiosamente e do qual você precisa tanto, se chama taxi? Talvez nem o próprio motorista saiba.
Pois
bem, você só vai chegar a esse concerto (Eine
Kleine Nachtmusik), com toda a sua pompa
e circunstância (Elgar), usando aquele motorista de taxi. Ele só está ali
para levá-lo onde você quiser. Pois aquele barão que encomendou aquela música a
Mozart, para sua filha que fazia 15 anos, que alugava carruagens e coches, que
fazia parte da corte... se chamava Barão
Von Taxi! Por isso, em qualquer
parte do mundo que você esteja, “taxi” é uma palavra universal, por causa
daquele Barão! Mas, sobretudo, por causa de Mozart, que nem viveu o suficiente
para saber disso.”
E
chegamos.