CHEGOU!!! CRÔNICAS & RABISCOS, em março, grande lançamento! Crônicas de humor, edição ilustrada

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Quem?!

(Óscar Fuchs)
É verdade que a copa no Brasil foi a maior porcaria que fizeram, que os que ganham e continuam ganhando -  e sempre mais - são os mesmos oportunistas de sempre, que a roubalheira abrange tudo, todo e todos... ta, e eu?
Queria tanto fazer parte da camarilha da fifa, dos jornais e revistinhas semanais que estão lucrando como nunca em anúncios, das TVs que inventam a “maravilha” e  que vão transmitir essa “festa do povo”...
- De quem?
- Do povo!
- Quem?! Fala mais alto!
As agências de publicidade nunca fizeram tanta propaganda inútil e mentirosa. Até bancas de advogados estão fazendo publicidade prometendo conseguir indenização pelas mentiras da copa. E quando publicitários e advogados se unem...
Empreiteiras não cumprem seus contratos e deixam obras inacabadas. À beira da data de inauguração elas dizem que não vão terminar, que será necessário mais dinheiro e que não podem arcar com os gastos, pois são responsabilidade do governo, que é sustentado pelo povo...
- Por quem?
- Pelo povo!
- Quem?! Fala mais alto!
Restaurantes, bares, hotéis e similares, ou sejam, os vendedores de balas e água no sinal, estão nos servindo com uma mão e enfiando a outra no nosso bolso numa tunga descarada.
Até a classe mais franca e direta da sociedade, a dos ladrões e traficantes, deu pra se aproveitar da copa e, dizem por aí, estão cobrando os olhos da cara... quando não uma cabeça ou até um “presunto” inteiro! Céus... onde chegamos!?
Porém, me resignei e sugiro o mesmo a vocês. Abandonemos os revanchismos, ignoremos as provocações e o fato de não termos usado esse dinheiro para coisas úteis e vamos torcer! Torcer!
Afinal, indo para as arenas de futebol ao menos poderemos perceber onde faltam hospitais e escolas – que, segundo alguns, são desnecessários. Agora não tem mais volta, a desgraça já ta feita e consolidou, todos que podiam se aproveitar já se aproveitaram e só resta a mim, como povo...
- Quem?
- Povo!
- Quem?! Fala mais alto!
Enfim, resta-me torcer por essa seleção maravilhosa, de feitos memoráveis e inacreditáveis, com suas lindas cores e com pretensões inigualáveis, time de pura raça, técnica e vontade... o Uruguai.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

... Tipo...

(Óscar Fuchs)

Oi, amiguinhos! Hoje resolvi escrever para vocês que gostam desses joguinhos... tipo...  farm ville, fish ville, Mafia Wars, City Ville, Crime City e tantos outros. Antes que carreguem o google procurando esse jogo chamado Tantos outros, não é outro jogo, é só uma expressão.

Enfim, como gostaria de ter mais seguidores, vou tentar usar a linguagem que nossos cultos e bem informados jovens usam hodiernamente... ih, desculpe... que usam hoje. Não tenho facebook, então não conheço... tipo... esses joguinhos, mas tenho uma sugestão... tipo, assim... prime pra vocês.
A gente gasta muito tempo nesses joguinhos, né? Aí... tipo... conversando com um amigo que... tipo... curte, tive a ideia: por que não usar esse tempo em algo útil?
Contei a ele que tenho um blog, uma bobagem, que funciona como um joguinho. É ...tipo...  assim: eu faço o publish – publico – , ou faço um post, de alguma coisa. No meu caso, tenho um banco de e-mails para os quais – coitados! – envio um message comunicando que fiz um novo post ou um novo up load, ou um novo publish.
Nesse meu blog fiz o download de um countertipo... um contador de visitas. Então, antes de fazer um novo publish, vejo em que número está meu counter. Depois de postar, envio mails para todos da minha lista de contacts, para meus feeds e, se puder, para os groups. Além disso, dou um tweet e a coisa...tipo... se espalha.
Aí você fica pensando que eu tenho twitter e não tenho facebook. É porque o twitter só permite ... tipo... 140 caracteres, então a gente não recebe aquelas message chatas ...tipo...:
À Paris, poema que fiz para meu amor quando estávamos em viagem à Cidade Luz, aos pés da Torre Eiffel... a propósito, a Torre Eiffel foi construída para a grande exposição de...”.
Ou aquela “Oração a Santo Antônio, consiga um namorado”... quem, eu? Dãããããããnnnnnn! O twitter  ...tipo... não permite isso.
Mas, voltando ao joguinho: todo blogger, que é quem... tipo... faz um blog, tem à disposição uma Page de statistics... tipo... “estatísticas”, entende? Pois é, aí é que entra o joguinho. Você pode ver quantas visitas teve ... tipo... naquele dia, naquela semana, naquele mês... tipo... quando quiser! E mais: você pode saber outras coisas... tipo... em que países, quais sites você foi lido! Eu, por exemplo, sou muito lido na Rússia! Vai ver que é por que ... tipo... eles não entendem nada do que eu escrevo.
Mas é muito legal. Uns amigos disseram que iam fazer um blog de futebol. Ah, futebol não vale! Futebol é... tipo... muito popular. Todo mundo só quer saber de futebol! Tem que escrever alguma coisa que seja importante... tipo... importante pra quem escreve, pra você,  entende? Botar ... tipo... mulher pelada, só pra ter visita? Aí... tipo... não vale, né!?
Eu, por exemplo acabei de fazer o publish dessa crônica e agora vou acompanhar meu joguinho, vou ver quantas pessoas entram, quantas visitas vou ter nos próximos minutos, dias... nas próximas semanas. Até agora... tipo... nada. Mas é aí que tá a graça! Estou só ...tipo... curtindo, entende? Nenhuma visita ainda. Esperando. Ninguém até agora. Esperando ainda. Nada... tipo... ninguém ainda...

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Derivando pelos mares...


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Pérai!

(Óscar Fuchs)

Era uma vez, há muito, muito... mas muito tempo atrás... bem, pelo menos há uns dez anos – eu é que sou muito velho -, surgiu o maior vilão de todos os tempos, indecifrável, incompreensível, inacessível, inalcançável: “o  sistema”.
      Tudo o que dava errado, tudo o que era impossível resolver, tudo o que acontecia para “ferrar” com a vida da gente, era “culpa do sistema”. E qualquer pessoa, atendente, gerente, ministro, presidente, ficava isento do problema, pois o culpado... era “o sistema”.
       Porto Alegre está com uma insistente e impunível greve de transportes públicos em que o Governador diz:
- Quem, eu?
O prefeito diz:
- Eu to fora!
Os empresários do transporte dizem:
- Eu to ganhando!
O Sindicato dos Rodoviários diz:
- Eu quero o meu!
E quando a população reclama:
- E nós!?
Eles se reúnem e dizem:
- A gente na primeira pessoa do singular e vem o povinho com esse pluralismo!*
Além dessa celeuma infindável, Porto Alegre está com 38 graus Celsius à sombra e sensação térmica de 50 graus. Aí fui ao Wall Mart: produtos ruins quando tem, péssimo atendimento, preços altos e o ar condicionado não estava funcionando – o ar condicionado seria a única razão para eu ir ao Wall Mart!!! Lembrei do Eduardo Dusek, em “Apocalipse”. Pessoas se irritavam, a fila não andava, o frango derretia, eu disse “bom dia”... ignorei.
   Por que, afinal, o ar condicionado não funcionava? Um funcionário respondeu:
       - Pois é, com essa greve dos ônibus...!
       Pérai! Para tudo! O ar condicionado vem trabalhar de ônibus?!
     A falta de transporte público virou o segundo vilão mais “prestigiado” e aludido das últimas semanas. A falta de transporte virou desculpa para tudo. Terremoto no Chile? Culpa da greve dos ônibus. Qualquer coisa que acontece, em qualquer parte da cidade, do estado e do país – e no exterior! – é culpa da greve dos transportes em Porto Alegre.
      Bem, começou outra novelinha chata na TV. E eu pergunto: culpa de quem, do sistema ou da falta de ônibus?

* Essa frase parece balão do Henfil. Olha aí, ideia de cartum pro Santiago, pro Edgar Vasques ou pro Bier!