CHEGOU!!! CRÔNICAS & RABISCOS, em março, grande lançamento! Crônicas de humor, edição ilustrada

quarta-feira, 10 de março de 2010

DIMENOR - menino de rua



Clique na imagem para ampliar

Futebol não é para brasileiro

(Óscar Fuchs)


Descobri por que, no país do futebol, aumentam tanto os adeptos, praticantes e assistentes de outros esportes. No tênis, são milhares de novos atletas e torcedores. Nas ruas quase todos sabem o que significam termos como “set, match point, slice, brake point”, etc. No hipismo, já há torcedores ferrenhos e entusiasmados que nunca sequer montaram um cavalo. Na Formula 1 todos estão atentos aos pilotos brasileiros e sabem de suas possibilidades. E o golfe? Jovens de periferia estão adaptando ou consertando tacos velhos e jogando golfe!
A razão é simples: são esportes mais baratos. Sim, custam menos!O dinheiro aplicado numa ida ao futebol fará falta no supermercado. O ingresso custa cerca de R$ 30,00. Se beber um refrigerante em lata, que dentro do estádio custa em torno de R$ 3,00 e comer um saquinho de amendoim ou pipoca, por R$ 2,00, pelo menos, somando o gasto com a condução de ida e volta, a aplicação já ultrapassa R$ 40,00. Aqui em baixo do meu apartamento, no restaurante do Vandi, isso daria 6 almoços bem feitos e bem servidos.
Tempo é dinheiro e ainda nem mencionei que a maioria dos jogos de meio-de-semana começam às 21h:45min, sempre após a novelinha. Assim, o trabalhador candidato a torcedor sai do trabalho às 18 ou 19 horas e só irá descansar em casa após uma hora da madrugada. Ou seja: gastou 6 horas de sua vida e mais um bom dinheiro para ver uma partida de futebol em que foi maltratado pelos banheiros, vendedores, ônibus, outros torcedores delinqüentes e, dependendo do time para o qual torce, até pelo técnico e pelos jogadores. E olha que nem citei essas arbitragens que andam por aí.
Afora passar por essa cruzada medieval, a única alternativa seria ver seu time na TV. Seria, porque, a menos que torça por Flamengo ou Corinthians, talvez nunca possa assistir a um jogo de seu clube na telinha. Então, nós outros, somos obrigados a assistir Flamengo contra Bahia, estando em Porto Alegre, Curitiba ou Belo Horizonte. Ou assistirmos Corinthians contra Payssandu no Rio de Janeiro, em Salvador e em Florianópolis. A maior torcida acaba sendo para que dê o acaso de nosso time jogar contra Flamengo ou Corinthians, com transmissão pela TV aberta.
Restam os esfoliantes “Pay per View”. Para assinar um pacote do brasileirão, além de já ter que pagar pelo serviço de cabo ou satélite, ainda terá que desembolsar algo como R$ 300,00, ou 10 módicas parcelas mensais de R$ 30,00, pouco mais ou pouco menos que isso.
Conclusão: futebol não é para brasileiro! É muito caro! Por isso assistimos esportes como golfe, tênis, hipismo e Fórmula 1, esses sim esportes mais acessíveis a povos menos favorecidos e com menor poder aquisitivo.
Até a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) voltou atrás na decisão de só transmitir as corridas em canal fechado, pois percebeu que iria perder popularidade e, por extensão, patrocinadores e anunciantes. Mas, já que a televisão não quer mais que troquemos a novelinha pelo futebol, já que os dirigentes de clubes de futebol não querem mais torcedores nos estádios comprando camisetas, flâmulas e bandeiras ou, que seja, amendoim e pipoca, só nos resta voltar aos campos de várzea... até o dia em que a TV resolva transmitir esses jogos também.