Se bem lembram, o blog se chamava A Revolta das Palavras. Escrevi essa
crônica (A Revolta das Palavras) lá por 1985, publicada no jornal A União. Entre
as crônicas de uma coletânea que entreguei a meu amigo Guilherme Cantarelli,
estava essa. Depois que as leu, perguntei a Guilherme que título daria se fosse
editado um livro daquela coletânea. Sugeriu-me “A Revolta das Palavras”. Estava
difícil para alguma editora lançar o livro, optei por um blog e usei a sugestão
do Cantarelli: lancei o blog “A Revolta das Palavras”. No entanto, amigos comentaram e, pesquisando, descobri um livro escrito por
José Paulo Paes, vários anos depois, com o mesmo título. Fiquei curioso e fui furungar:
que “Revolta das Palavras” é essa? Vi isso: O motivo da revolta que ele narra foi o
fato de as palavras não agüentarem (sic) mais ser mal usadas. Assim, sob o comando das
palavras Verdade e Mentira, elas decidiram atrapalhar a vida de todo o mundo que
alterasse o seu real sentido para enganar as pessoas de boa-fé.
Prêmio Jabuti 2000 de Melhor Livro
Infanto-Juvenil.
Hoje me perguntam por quê troquei o nome do blog de A Revolta das
Palavras para A REBELDIA DAS PALAVRAS. Ora, ninguém é dono de palavra alguma, tanto menos eu. Se houve acaso ou não, se houve
intenção ou não, se houve simbiose de idéias ou a sincronicidade de Jung, (para aqueles que gostam de música, sugiro ouvirem Chico Buarque, "A voz do dono, e o dono da voz") Enfim, o que importa é quem manda, ou sejam, AS PALAVRAS, importantes são as palavras. Mas, aí vai, palavra por palavra:
Se bem lembram, o blog se chamava A Revolta das Palavras. Escrevi essa
crônica (A Revolta das Palavras) lá por 1985, publicada no jornal A União. Entre
as crônicas de uma coletânea que entreguei a meu amigo Guilherme Cantarelli,
estava essa. Depois que as leu, perguntei a Guilherme que título daria se fosse
editado um livro daquela coletânea. Sugeriu-me “A Revolta das Palavras”. Estava
difícil para alguma editora lançar o livro, optei por um blog e usei a sugestão
do Cantarelli: lancei o blog “A Revolta das Palavras”. No entanto, amigos comentaram e, pesquisando, descobri um livro escrito por
José Paulo Paes, vários anos depois, com o mesmo título. Fiquei curioso e fui furungar:
que “Revolta das Palavras” é essa? Vi isso: O motivo da revolta que ele narra foi o
fato de as palavras não agüentarem (sic) mais ser mal usadas. Assim, sob o comando das
palavras Verdade e Mentira, elas decidiram atrapalhar a vida de todo o mundo que
alterasse o seu real sentido para enganar as pessoas de boa-fé.
Prêmio Jabuti 2000 de Melhor Livro
Infanto-Juvenil.
Hoje me perguntam por quê troquei o nome do blog de A Revolta das
Palavras para A REBELDIA DAS PALAVRAS. Ora, ninguém é dono de palavra alguma, tanto menos eu. Se houve acaso ou não, se houve
intenção ou não, se houve simbiose de idéias ou a sincronicidade de Jung, (para aqueles que gostam de música, sugiro ouvirem Chico Buarque, "A voz do dono, e o dono da voz") Enfim, o que importa é quem manda, ou sejam, AS PALAVRAS, importantes são as palavras. Mas, aí vai, palavra por palavra:
A Revolta das Palavras - a crônica que deu origem à série (ao blog)
(Óscar Fuchs)
Como sempre, foi entre os pequenos
que tudo começou. As monossilábicas foram as primeiras. Em assembleia, pé ante pó, só, fé, lá,
se e dó, entre outras, proferiu o primeiro discurso de repúdio ao
sistema ortográfico e gramatical.
—
Além de sermos as mais insignificantes, as que ocupam menos espaço, — Discursou
pé — estamos sempre por baixo!
—
E quando não estamos por baixo — Aparteou pó
— damos uma flutuada pela atmosfera literária e acabamos abandonadas no solo da
gramática!
Todas
bateram acentos. Depois dos aplausos decidiram iniciar uma revolta. A palavra propaganda aderiu à revolução
disseminando as ideias dos revoltosos. A adesão da palavra sim foi considerada muito positiva. Mas a mais festejada foi a
adesão da palavra lei, pois, a partir
daí, as revoltosas estavam com a lei ao lado delas. Mentira, em comissão com aleivosia
e falácia, expôs o motivo principal
da revolução:
—
Temos que acabar com isso. Estão deturpando nossos sentidos, usam-nos para os
mais condenáveis fins e, sempre, indevidamente. Tudo é mentira! Mentira!
Mentira! — E, logo depois de sua oratória, deixou de ser mentira porque, já disseram, “uma mentira repetida várias vezes
pode se tornar verdade”.
Paroxítonas
e proparoxítonas passaram a frequentar as reuniões. Turista, cabulador, ausente e esporádico não compareciam muito às assembleias, mas quando vinham
a sala ficava cheia e apertada. Então aconteciam os acidentes:
—
Você viu meu circunflexo por aí? — Perguntava atônito, atônito.
Escritores,
jornalistas, poetas, estudantes e todos os que usavam as palavras passaram a
sentir o efeito da revolta: se tentavam escrever, por exemplo, abacaxi, saía goiaba.
Jornais
e revistas foram considerados os objetivos primordiais da revolução. A manchete
d’O Globo, certa vez, foi uma declaração do presidente dos Estados Unidos: O Bin Laden era um amor.
Também
a fala começou a ser afetada:
—
O presidente dos Estados Unidos Chineses, Evo Morales, reuniu o parlamento
britânico e exigiu... mas, o que é isso?— Disse o locutor no noticiário da TV.
Uma
Babel! Depois de espalhada a revolta quem lesse a bíblia não sabia se era
pecado desejar a mulher do próximo ou comer maçã logo depois do casamento.
Livros de Marx passaram a defender radicalmente o capitalismo selvagem e, nos
tratados de medicina, o estômago foi deslocado para o calcanhar.
A
revolução chegou aos bancos e agências financeiras. Quem tinha saldo negativo passou a ter saldo positivo e vice—versa. As medidas da
equipe econômica do governo saíam totalmente distorcidas, sem nexo. O
interessante é que a economia passou a dar bons resultados!
A
revolta começou a invadir textos de editoriais e de cronistas, fazendo-os
cataclismos práxis Vilela. Contrário mindinho, só signos Hugo Chaves ou Chico
Buarque de Alemanha. Pré pós-cartesiano mar chiov deupil fretic hj otumijdim
hueuiapjf...