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domingo, 6 de janeiro de 2019

Fashionite

Óscar Fuchs


Doença inflamatória e contagiosa que ataca o senso do ridículo. Pode ser aguda ou crônica.

Aguda: ataca em intervalos. O paciente passa a sentir a necessidade irrefreável de usar determinado tipo de vestimenta, acessório, corte de cabelo, etc. Após um período de convalescença, retoma a consciência crítica, acarretando a recuperação.

Crônica: também chamada de não tem mais jeito. O paciente vive em estado de doença, adotando toda e qualquer tendência que percebe na televisão e na internet. Nesse estágio, a doença já afetou o cérebro e não permite distinguir excessos (cores, comprimentos, exageros), levando o paciente a padecer de olha só aquilo!, de tem cada tipo! e de que figura!, males relacionados à falta de percepção da vítima de fashionite crônica.

A fashionite apareceu no século XIX, quando mulheres começaram a usar armações incômodas e exageradas sob as saias. A mania se estendeu para várias partes do mundo, dando início ao “modismo”. Com o avanço dos meios de comunicação, “modismo” se globalizou e recebeu influência de outras culturas, foi propagado e virou “fashion”, donde vem a fashionite.

A fashionite começou a ser transmitida por revistas, depois pelo rádio, pelo cinema, mais tarde pela televisão e hoje se propaga com virulência pela internet, por redes sociais, canais de youtube e programas de TV que divulgam notícias e fofocas de sub-celebridades, jogadores de futebol e pseudo-famosos, os principais vetores de transmissão da doença às massas.

Sintomas: Percebe-se a instalação da doença quando surgem alterações nos pelos do corpo (corte de cabelos ridículo, barba exagerada, pelos pubianos e sobrancelhas delineadas), na fisiologia (face distorcida, glúteos trabalhados no silicone, bíceps, tríceps e seios incompatíveis), alterações na fala e na inteligência, repercutindo na forma de vestir e se comportar.

Hospitais, clínicas e laboratórios farmacêuticos não estão preparados para lidarem com a doença. Quando se fala da fashionite, a tendência -­ palavra muito apropriada -­ é tornar-se uma pandemia. No entanto, não se tem ainda uma projeção de até que ponto a doença pode afetar as pessoas no futuro. Atualmente, rebolada até o chão gravada e transmitida para o grupo do watsap foi considerado o estágio mais avançado da doença.


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