Fazia
muito tempo que não prestava atenção no Jornal Nacional, da Globo. Até porque
não presta. Mas, dia desses, William Homer e sua parceira, Sandra (é isso?),
conseguiram chamar minha atenção: são tão “participativos”! Como eles conseguem disfarçar tanto e, ao
mesmo tempo, espalhar aqueles conceitos na maior cara-de-pau? São atores.
Aí,
fiquei pensando (coisa que o William Homer e a Globo não gostam: que as pessoas
pensem), mas fiquei pensando: e se eu
fosse o William Homer, será que eu teria a cara-de-pau
de divulgar aquilo tudo em rede nacional? Mesmo que seja um noticiário que não
tenha mais audiência, mas que me paga um ótimo salário e me dá um cargo
figurativo. Será que eu seria tão volúvel quanto William Homer?
De
repente lembrei de Marx — não o Karl, mas o Groucho: "Só há um forma de
saber se um homem é honesto... pergunte. Se ele disser sim, então você sabe que ele está mentindo." Ou algo desse
gênero, não lembro as palavras exatas.
Pois é. Se a gente perguntar ao William Homer, o
que será que ele dirá?
- Sou um jornalista.
Ora, jornalista ele não é, porque jornalista tem
uma ética — ou, teria — e jamais aceitaria imposição de seu empregador. A menos
que a ética do William Homer tenha ido pro espaço. Ou que a ética dele seja a
mesma de seu empregador, que a gente sabe que não tem ética nenhuma.
Na verdade, até admito isso, afinal, quem tem um
salário daqueles tem que fazer o que o patrão
quer... lembrei de Groucho Marx outra
vez: Há tantas coisas na vida mais
importantes que o dinheiro... mas, custam tão caro!”
Vai ver que é isso! William Homer tem que
sustentar a família que é grande e, nessa hora, não importa se há pessoas
morrendo na África ou na Palestina... “os meus primeiro!”
Há outra possibilidade: William Homer está
iniciando na carreira e, a gente sabe, todo iniciante faz e escreve bobagens
pois está apenas começando e... Lembrei agora de um ensinamento do grande — em
todos os sentidos, ele era diretor de redação e tinha dois metros de altura! — Jacinto
Barbosa, grande alma...
Eu era iniciante em jornalismo. Jacinto Barbosa mandou-me
cobrir uma manifestação. Fiquei cinco horas no local e... não houve
manifestação! Depois de uma tarde inteira naquela praça, voltei à redação. Fui
direto a ele e relatei:
— Olha, Jacinto, fiquei a tarde toda lá... e não
aconteceu nada!
— Nada?
— Nada. — respondi.
Então, com sua grande ética de jornalista, com
sua grande generosidade e com sua grande vontade de ensinar aos mais jovens,
ele me disse:
— Escreva. O que não acontece também é notícia.
Pois bem, depois disso tudo, de todas essas
filosofadas e interrogações, fico perguntando: O que é o William Homer?
E não há mais um
Jacinto Barbosa pra me responder com aquela sabedoria e simplicidade. Snif!
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