Soube
que o colega Nando Gross adotou há algum tempo uma gata de estimação. Quando
era colunista d’A União, Carlos Romero, colega também colunista, teve problemas
com ratos embaixo da casa e, após várias tentativas de combate aos roedores,
tomou uma medida radical: adotou um gato. Na ocasião escrevi uma coluna dando
dicas a Romero, pois era perceptível sua inexperiência com gatos. Pra começar,
ele sequer sabia que, entre os felinos, quem caça é a fêmea. O tal empoderamento feminino já é vigente há
milênios entre os bichanos. Claro que gatos machos também perseguem e capturam
ratos, mas apenas para brincar, para treinar, ou para fingir que mandam no
pedaço.
Naquela
época fazia sucesso o filme O
Exterminador do Futuro. Mesmo sabendo que o animal não sairia à caça, sugeri
que Romero batizasse o gato de Schwarzenegger. O problema é que toda vez que
Romero chamava o gato, o animal fugia correndo pensando que estava sendo
xingado. Isso sem contar a dificuldade de chamá-lo: tente pronunciar três vezes
seguidas o nome Schwarzenegger.
Como
eu previra, Schwarzenegger não correspondeu. Capturava um que outro rato, de
tempos em tempos, só por diversão. Acabou ficando porque Romero se apegou a
ele. Quanto aos ratos embaixo da casa, Romero se mudou.
Agora,
para o Nando, um naco de história: Por que há gatos em todo o mundo? Eles
ganharam o mundo graças às grandes navegações, durante os séculos XV e XVI. Navios
passavam meses ou anos nos mares. Uma das maiores pragas nos navios eram os
ratos que, além de consumirem e inutilizarem a comida, transmitiam doenças e
atormentavam os marinheiros. O raciocínio foi o mesmo do Romero: em cada porto
de partida, gatos eram embarcados. Ao chegarem ao destino, os navios eram
esvaziados para limpeza e reparos. Lá se iam os gatos, saltitando por outro
porto, muito longe daquele em que viviam. Assim, se espalharam pelo planeta.
Quem
convive com gateiros certamente já conheceu alguma gata chamada Bastet, ou Bast,
ou outras grafias do nome. Já percebeu como há figuras do Egito Antigo representando
gatos? Isso porque eles cultuavam a deusa Bastet, mulher com cabeça de gato. O
animal era muito querido por proteger as mulheres contra invasores e quem os
ferisse era punido com a morte. Em 525 a.C., na batalha de Pelúsio, no Baixo
Egito, o rei persa Cambises II ordenou a seus soldados que usassem gatos como
escudo, prevendo que não seriam atacados pelos egípcios por causa de sua
veneração a Bastet. E funcionou. Os egípcios de Pelúsio se renderam. Foi algo
como “basta um jipe, um cabo e um soldado...”.
Gengis
Khan também usou gatos em batalha. Ao tentar transpor a Grande Muralha da
China, uma cidadela resistia ao cerco de suas tropas. Depois de várias
tentativas de tomada do povoado, Khan enviou emissários impondo condições: ele
levantaria o sítio se lhe entregassem, entre outras coisas, mil gatos. As
“outras coisas” eram apenas despistes. Quando os aldeões lhe deram o que pedia,
mandou que seus soldados amarrassem longas cordas com estopas embebidas em óleo
no rabo dos gatos. Atearam fogo às estopas e os bichanos apavorados voltaram em
correria para a aldeia que se rendeu para não ser totalmente incendiada.
Para
terminar, a polêmica do angorá. O angorá legítimo e puro não existe mais.
Alguns insistem – sobretudo aqueles criadores que visam a comercialização da
“raça” – que os angorás de hoje são os originais, mas não é verdade. “Angorá”
vem de “Ankara”, cidade da Turquia que é a origem desse gato. De lá foi levado
como souvenir para a Europa. Em vias
de extinção, os turcos pesquisaram e fizeram uma mistura com outros gatos, que
deu origem a esse que é chamado de “Angorá” por alguns, por “persa” por outros
e é classificado como “pelo longo” por algumas entidades. Então, quando alguém
disser a você que tem um gato angorá, ou que viu um gato angorá, é outra fake news.
Gosto de gatos. Mas...achei teus esclarecimentos históricos muito macabros. E tb...sacanavem sua sugerir um nome tão complicado p/o gato do seu amigo. Tenho um gato q se chama Francisco...só chamo Chico...e assim mesmo...só vem qdo quer. Como posso saber mais informações sobre o livro? Teu e-mail ñ está aparecendo no blog...pelo menos pra mim...
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